terça-feira, 5 de abril de 2011

Chegada da Familia GRENDENE no Brasil - Parte 2

Este relato abaixo foi uma carta enviada ao Sr. Hélio Grendene Mothci, quando em 18/05/1993, o mesmo escreveu para o Padre Luizinho Sponchiado, criador do Centro de Genealógia de Nova Palma, buscando informações da Família GRENDENE.

"Foi após a morte da sexta filha, ANGELA GRENDENE, nascida em 14/06/1883 e falecida em 21/06/1883, portanto tendo somente alguns dias de vida, e a rapidez com que aumentava o lar, que, nas aperturas de meeiros agricultores, explorados pelo Latifúndio Medieval de "Signori Conti, Principi), encastelados em Brazões de nobreza, (como tantos outros conterrâneos empobrecidos) - restaram imigrar. Deus sabe com que dificuldades materiais e morais!
A 22 de novembro de 1883, no Porto de Gênova, com mais 1347 passageiros (dos quais 147 austríacos), tomaram o Transatlântico "SCRIVIA" da Società Italiana di Trasporti Maritimi Raggio & Cia. - "Addio, Italia, Addio". - Tocando nos portos de São Vicente e Cabo Frio, alcançaram o Rio de Janeiro a 15/12/1883, com o primogênito Guiseppe, (adolescente de 13 anos), gravemente abatido. Enquanto eles eram recolhidos na "ILHA DAS FLORES", o pequeno foi baixado na Santa Casa - onde morreu a 17/12/1883. A desafortunada família, sobrou o consolo de não ter perecido no mar, onde seu corpinho seria atirado às ondas. Mar do qual guardaram as piores impressões, viajando meses, sob a linha das águas, em terceira classe, amontoados em tombadilho comum, homens separados das mulheres, com enjoos, vômitos, não raro epidemias nascidas da promiscuidade, senão dos ratos, muqueranas e outros insetos que infestavam o 'bastimento', por isso repetiam: 'Chi non sà per chi pregare, preghi per quelli che sono in mare'... Estes nossos avoêngos, possuiam uma FÉ CRISTÃ ROBUSTA, e confiavam na força misteriosa, mas poderosissima, da ORAÇÃO, que os garantia na Providência dum 'DIO BUONO', e, na intercessão da 'Vergine Santissima'... Um legado, que nós brasileiros, não podemos postergar!
- Feito o rateio na Ilha das Flores, e, contatado pela Polícia Maritíma que não havia entre eles as temidas epidemias de Tifo, malária, febre amarela e varíola, tomaram navio de nossa Costeira, que os trouxe na Praça da Harmonia em Porto Alegre, (com desembarque em Rio Grande e subida pela Logoa dos Patos), precisamente no dia 15/12/1883. Na capital, havia velhos barracões, deixados pelo exercíto, que serviam de abrigos aos chegados. - Alí novamente retados para as 4 Colônias Imperiais, (Dona Isabel, hoje Bento Gonçalves - Conde Deu hoje Garibaldi - Campo dos Bugres hoje Caxias do Sul) os GRENDENE (não sabemos quem os chamou) - optaram pela Quarta: Santa Maria da Boca do Monte, desde 20/09/1878, apelidade de SILVEIRA MARTINS.
- Uma embarcação fluvial, chamada 'Gazolina', ou 'Vaporin', recolheu-os e subiram o Rio Jacuí acima: Se estava em cheia até perto de Cachoeira; se havia estiagem, somente até Rio Pardo. - De ambos os desembarques aguardava-os Carretas de duas rodas, tracionadas com 8 juntas de bois, espicaçados pelo "guiada" de nossos Campeiros, que conseguiam vencer 24 quilomêtros diários entre pousada e pousada nos descampados da Campanha Riograndense. "Habiamo dormito sul nudo terreno, como le bestie si toca riposar!" documenta a canção da Imigração, muito badalada e cantada ainda hoje.
Assim alcançaram a Sede de Silveira Martins, que já não era mais "Colônia", mas "Ex-Colônia" passada a 5° Distrito de Santa Maria. Contudo a Diretoria antiga, continuava, como "Comissão de Medição de Lotes", que buscavam terras devolutas 20 léguas em derredor, para atender ao grande número de Imigrantes, agora expontâneos, que eram convidados pelos já estabelecidos desde 1877.
- Ao "CLAN GRENDENE", foi designado o Lote de 22 hectares de mato, de número 30, que partia da Linha Zero, ou seja do Lageado Soturno, e, findava mil metros adiante, no Travessão, (ou Linha) número um. - Esta designação de estabelecimento foi dada a 01/12/1884, constuindo-se os "GRENDENE" entre as 24 famílias imigradas, que foram, pioneiramente, ocupar este núcleo "SOTURNO", também chamado "BARRACÃO" - no interior da Serra Geral de São Martinho, a 35 quilomêtros da Sede.
- Verdadeiros desbravadores, que deixando a família entre conhecidos estabelecidos, vararam a floresta, pantanais e riachos, para no Lote designado, abrirem uma "clareira", plantar algo para a subsistência, e erguer um tugúrio, com lascotes de coqueiro, coberto de ramos. Cumprido isto, com viajadas de começo de semana, parada na floresta até o sábado, levavam a família, que para esta mudança a Lei obrigava a faze-lo dentre de dois anos. - Esta "Colônia" que tocou os GRENDENE, ficava pertinho da futura povoação, hoje chamada "NOVA PALMA" (nome que trocou em 01/04/18913).
- Por isso, o 7º filho de Casal Bortolo e Maria, nasce em Silveira Martins, a 20/05/1885, é batizado com o nome de JOSÉ GRENDENE.
- Processada a mudança de todo o lar, para o Lote definitivo, nasce o 8º gênito de Nome ANGELA MARIA (nasc. 03/04/1888, que falece em 22/04/1888).
- O 9º filho que segue é ANGELA MARIA (repetindo a memória da finadinha) nascida a 26/03/1890. O 10º filho CONSTANTE ANSELMO GRENDENE, nasc. em 20/05/1895. o 11º LUIZ MAXIMO GRENDENE, nasc. 06/03/1897.
- Antes porém que terminasse a sequência de nascimentos, casa o 3º gênito ANTONIO, com Dona LÚCIA MARGARIDA ROSSATO, a 21/07/1896, na rústica capelinha de madeira serrada a mão em estaleiro. Ela, LÚCIA MARGARIDA era filha de Domênico Rossato e Lúcia Rigon, chegada ao Brasil em 29/12/1884. Tiveram os filhos: MAXIMILIANO (29/04/1897) - OLIVO BORTOLO (09/06/1898) - EMÍLIA (30/09/1899). Este já se estabelecer como comerciante com modesta "venda" na incipiente povoação, e a 26/10/1900, com apenas 26 anos, a morte o colheu. - Nascendo após seu óbito o 4º filho ANTÔNIA (26/03/1901). - A viúva convolou a 2º núpcias com Antônio Casarin a 30/05/1904, tendo mais 9 filhos. Tanto os do primeiro matrimio, quanto do segundo, todos casaram, menos alguns que faleceram infantes. Constituem na evolução das gerações, em vários lugares, mesmo fora do Estado, numerosos lares, tendo-se criado pacificamente ambas as partes. Lúcia Margarida, a experimentada esposa e mãe, faleceu em Nova Palma em 27/07/1957. - Paz à eles, que tanto lutaram!... e sofreram!!!
- O segundo e terceiro dos filhos de Bortolo e Maria Faccin a casarem foram: MARIA LUIZA em 19/05/1902, com Antônio Prendin, e, falecido precocemente sem deixar filhos, em segundo matrimonio com Celeste Odorizzi, com regular descendência. - E no mesmo ano 1902, mas em 25/06/1902 convola núpcias: JOÃO GRENDENE (GIOVANI), com MARIA LUIZA REDIN; deixando enorme descendência, nas 5 gerações que se seguiram.
- Em 11/05/1908, sempre em Soturno, casa em Soturno, ANGELA MARIA GRENDENE, com GUILHERME LEÃO BERTOLDO. - E a 04/02/1909, convola matrimonio JOSÉ GRENDENE, com ISABEL ALESSIO (negociante do povoado).
- Somente a 09/10/1915, agora em Nova Palma, casa CONSTANTE ANSELMO GRENDENE, com PIERINA HELENA VOLCATO, (filha de GIOVANNI e MARIA RIGON) que depois de gerarem dois filhos em Nova Palma,  'enxamearam' a 14/05/1918, para as 'TERRAS NOVAS' de Erechim.
- Finalmente, a 09/04/1918, casa o último filho de Bortolo e Maria Faccin; LUIZ MAXIMO GRENDENE, que matrimonia-se com HELENA MARIA VOLCATO, (filha de GIOVANNI e MARIA RIGON, mana de Pierina), nascida a 04/11/1897, que, porém partem desde logo, para Novas Terras, nada mais constando em nossas Genealógias sobre eles. Portanto Luiz Maximo, quanto sua esposa Helena são nascidos no Brasil. Moradores do munícipio de Passo Fundo, na Linha Sete de Setembro, onde no final da Primeira Guerra Mundial, uma dezena de nossas famílias re-imigraram, num 'enxameamento interno'.

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